sábado, 6 de agosto de 2011

Gênesis 38 - Parte II


"Judá indaga Tamar sobre o preço do boquete" - Escola de Rembrant, óleo sobre tela.

Tamar viu os anos passarem enquanto esperava que o terceiro irmão, Sela, crescesse um bigodinho e pudesse desposá-la. Mas parece que, enquanto Sela ficava mais alto, as tetas de Tamar ficavam mais baixas, porque o menino não quis saber de negócio e a viúva ficou esperando. Que bela bosta. Mas um belo dia, seu sogro Judá vinha subindo o morro em que morava Tamar, e ela resolveu dar o troco. Tirou o maldito traje de viúva e se vestiu de quenga. “Judá, vendo-a, julgou tratar-se de uma prostituta, porque tinha o rosto coberto” (Gênesis 38:15). O rosto coberto, a bota 7/8 de vinil e o bustiê de veludo zebrado. Bem observado, Judá!

Pois o velho Judá achou o produto interessante e perguntou:

- Quanto é o programa?
- Depende... - respondeu Tamar fazendo uma expressão libidinosa, mas que ninguém viu, dado que tinha o rosto coberto.
- Cabelo, barba e bigode.
- Ah, aí vai te custar um camelo e duas galinhas.
- Um camelo e duas galinhas?!? - espantou-se Judá - A senhora só pode estar brincando, né? Te dou um porco e uma galinha.
- Então boa tarde, senhor.
- Peraí, peraí, peraí... ok, um cabrito, dos bons. E é minha oferta final.
- ...
- Negócio fechado?
- Negócio fechado. Nota fiscal paulista?

E assim Judá, sem saber, passou a vara na mulher que foi sua nora duas vezes (pra você que achava que a Santa Bíblia já tinha esgotado seu repertório de sexo bizarro). Mas, como o pagamento, o cabrito, teria que ser trazido no dia seguinte, a cortesã queria uma garantia. “Que penhor queres que eu te dê?", perguntou Judá. "Teu anel, teu cordão e o bastão que tens na mão." (Gênesis 38:18), respondeu a disfarçada Tamar. Judá ainda estava com o bastão na mão e já estavam falando de negócios. Mas assim o fizeram.

No dia seguinte, Judá mandou um colega levar o cabrito e pegar o anel, o cordão e o bastão de volta. "Onde está aquela prostituta que estava em Enaim, à beira do caminho?", e os transeuntes fizeram cara de interrogação: “Não há prostituta nesse lugar!" (Gênesis 38:21). Pois é, não havia sinal da garota de programa. O que Tamar fez é o que na balada chamam de “dar um perdido”. A menina fala “vou lá no bar pegar uma Smirnoff e já volto, tá gatinho?” e puf!, some numa nuvem de glitter e perfume barato para todo o sempre. Enfim. O amigo de Judá trouxe o cabrito de volta e disse que não tinha prostituta nenhuma não sinhô. "Guarde ela o meu penhor, respondeu Judá, não nos tornemos ridículos!” (Gênesis 38:23). Judá resolveu varrer essa história pra debaixo do tapete. Mal sabia ele que tinha caído como um pato na armadilha de Tamar.

Três meses depois, o fofoqueiro da vila disse a Judá: “Tamar, tua nora, conduziu-se mal: vê-se que está grávida". Má-quê! "Tirai-a para fora, que ela seja queimada!" (Gênesis 38:24), bradou Judá. Tenha a santa paciência também. Tamar teve dois maridos pulverizados pelo Bom Senhor. Ela se manteve casta e fantasiada de viúva por anos, esperando um terceiro marido que nunca veio. E agora, porque engravidou, ela merece ser queimada? Mas Tamar ainda tinha uma carta, e era o zap! "Concebi do homem a quem pertence isto: examine bem, ajuntou ela, de quem são este anel, este cordão e este bastão". Truco, marreco! “Judá, reconhecendo-os, exclamou: ‘Ela é mais justa do que eu; pois que não a dei ao meu filho Sela.’ E não a conheceu (meteu) mais” (Gênesis 38:25-26). Convenhamos que Judá sabe reconhecer uma derrota.

Meses depois, Tamar sentiu as dores do parto e, obviamente, eram gêmeos. Quando a mãozinha do primeiro saiu, a parteira amarrou um fio vermelho no pulso, tamanha era a importância da primogenitura para esse povo primitivo. Mas, provavelmente incomodado pela parteira amarrando uma porcaria no pulso, o bebê embirocou de volta para Tamar. E nessa, o outro saiu, emputecendo a parteira. "Que brecha fizeste! exclamou a parteira: Que a brecha esteja sobre ti!" (Gênesis 38:29). Hã? Brecha? A brecha já estava feita e, eu suponho, doendo pra cacete! E não seria superestimar as intenções de um recém-nascido? Será que o bebê não está mais preocupado em inflar seus pulmões do que em quem vai herdar a bosta do rebanho de cabritos? Enfim. Este se chamou Farés e o irmão, com a pulseirinha vermelha, Zara.

E assim termina. Os mais devotos defendem que, mesmo nessas confusas porno-chanchadas bíblicas, há sempre uma lição. Não sei o que deveríamos tirar dessa história. Sempre andar com um cabrito para poder pagar uma eventual prostituta no ato? Não sei, mas os comentários estão abertos. E que a brecha esteja sobre todos vocês!