domingo, 25 de abril de 2010

Interlúdio: Pedofilia na Igreja Católica


O papa Bentinho Décimosexto com o dedo no mel - Associated Press

Muito antes dos recentes escândalos de pedofilia na Igreja, meu sábio avô já dizia que é bom passar longe de traseira de burro e dianteira de padre. E, cá pra nós, padres bolinando coroinhas não são novidade pra ninguém. Mas, nós do BCLG, não podemos deixar isso passar em branco e fazemos as seguintes reflexões:

- A maioria dos padres (dando o benefício da dúvida) não deve furunfar com crianças, mas a simples existência de padres que o fazem nos diz um pouco sobre moral e religião. Há quem tenha a cara de pau de dizer que a religião é a fundação para nossa moral e bons costumes (leia-se “medo de ir para o inferno”). Padres vivem imersos no mundo mágico da religião 24 horas por dia. Ora, não seriam os padres os últimos a cometerem uma atrocidade dessas?

- A igreja, em especial a católica, adora dizer o que sua paróquia deve fazer com a genitália: não pode transar antes do casamento, não pode transar fora do casamento, não pode transar de camisinha, não pode transar com um amiguinho/a do mesmo sexo, não pode fazer suruba, não pode, não pode, não pode. Que tal a igreja prestar mais atenção onde está a genitália do seu clero e parar de encher o saco dos outros?

- Um padre celibatário é uma bomba-relógio. Um depravado prestes a vir à tona. A solução? Bonecos-coroinhas-infláveis!

- Quase tão ruim quanto abusar sexualmente de uma criança, é encher a cabeça delas de histórias de terror como inferno, apocalipse, pecado e um ser invisível que controla a realidade. E isso não só padres, mas pais e tios também fazem. Crianças são programadas evolutivamente para acreditar no que os pais falam, por maior que seja a abobrinha. Seria ótimo se os adultos deixassem suas crendices de lado e ensinassem as crianças como pensar, e não o que pensar.

Agora chega desse assunto horrível de pedofilia e voltemos à nossa Bíblia Sagrada, repleta de bons exemplos e histórias educativas. Para se manter atualizado nas peripécias dos Padres da Ordem de São Michael Jackson, sugiro que ame a teu próximo como a ti mesmo.

Atualização 03/05/10: Se você entende Inglês e tem estômago para ver crianças serem violentadas...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Gênesis 25


"Pintura pequena, escura e confusa" de Benjamin West. Óleo sobre tecido.


O velho Abraão era um homem abençoado pelo Deus Altíssimo e ainda dava no couro, mesmo nos seus cento-e-cachorro-lascou-a-boca anos de idade. E como prova disso, após Sara ter passado dessa para uma melhor, ele se casou com uma mulher chamada Cetura. E ainda teve filhos que ele amaldiçoou com os nomes Zamrã, Jecsã, Madã, Madiã, Jesboc e Sué. E, como se esses nomes não fosses sacanagem suficiente, Abraão deixou toda a herança somente para Isaac. Velho filhadaputa. “Quanto aos filhos de suas concubinas (não é possível... o velho devia tomar catuaba e Caracu com ovo na veia!), só lhes deu presentes, e despediu-os, ainda vivo, mandando-os para longe de seu filho Isaac, para a terra do oriente.” (Gênesis 25:6). E, aos 175 anos de idade, Abraão vai a óbito e seu presunto é enterrado na mesma caverna em que Sara também foi enterrada. Ficou triste? Nem eu.

O primogênito de Abraão, Ismael, gerou doze filhos que foram chefes de doze tribos (isso, tribos. A Bíblia é um livro de uma era tribal. Pudera alguns conceitos estarem ultrapassados). Ismael também empacota, só que na flor da idade, com apenas 137 anos. E agora? Nem uma lágrima?

Já com Isaac o buraco foi mais embaixo. “Isaac rogou ao Senhor por sua mulher, que era estéril. O Senhor ouviu-o e Rebeca, sua mulher, concebeu.” (Gênesis 25:21). Ué! Que fácil! “Senhor”, “Sim, Isaac?”, “Minha mulher é estéril. Dá pra quebrar meu galho?”, “Demorô, véi!”, SHAZAM! Mas, apesar do bom Senhor ter agraciado Rebeca com gêmeos, a gravidez não foi tranqüila e saudável. Enquanto grávidas normais sentem o rebento dando chutinhos e se acomodando, Rebeca sentia que seus dois fetos estavam praticando o Vale-Tudo. Se na época houvesse ultra-som, os médicos tribais veriam soco, pontapé, chave-de-braço, tesoura-voadora, dedo-no-olho, fisgada e até o temido suplex-alemão. Ou talvez fossem só gases.

Mas, apesar da ausência da ultra-sonografia, Rebeca podia se consultar com o Guru da Obstetrícia Neo-Natal, o inventor de todo o sistema, Dr. Javé. "’Se assim é, por que me acontece isso?’ E ela foi consultar o Senhor, que lhe respondeu: ‘Tens duas nações no teu ventre; dois povos se dividirão ao sair de tuas entranhas. Um povo vencerá o outro, e o mais velho servirá ao mais novo.’” (Gênesis 25:22-23). Esse é o plano divino, mas Deus põe ele em prática dentro da barriga dos outros. Ó-quêi então.

E no dia do parto, surpresa! “O que saiu primeiro era vermelho, e todo peludo como um manto de peles, e chamaram-no Esaú” (Gênesis 25:25). Você leu certo, herege leitor. Vermelho e peludo. Se ainda duvida, clique aqui para ver uma fotografia de Esaú. “Saiu em seguida o seu irmão, segurando pela mão o calcanhar de Esaú, e deram-lhe o nome de Jacó.” (Gênesis 25:25). Há quem diga que Jacó, ao invés de chorar, nasceu dizendo “volta aqui, filhadaputa! Não vai escapar assim não!”. Enfim, Esaú cresceu e se tornou um destro caçador, um homem rústico, tosco, fino como apito de navio. “Jacó”, todavia, “era um homem pacífico, que morava na tenda.” (Gênesis 25:27). Leia-se frouxo. Obviamente, Isaac sempre gostou mais de Esaú, o bruto, enquanto Rebeca preferia Jacó.

Um dia, Jacó estava, de avental, preparando um saboroso guisado, cuja receita ele aprendeu no Mais Você. O peludo Esaú voltou do campo, sujo e com uma sovaqueira de derrubar o guarda, e disse “Deixa-me comer um pouco dessa coisa vermelha, porque estou muito cansado.” (Gênesis 25:30). Creio que Jacó não gostou nada que Esaú chamou seu Guisado à Moda Sul-Matogrossense de “coisa vermelha”. E ainda viu uma chance de passar a perna no seu obtuso irmão. "Vende-me primeiro o teu direito de primogenitura." (Gênesis 25:31). Jacó não é flor que se cheire, e só daria um prato de sua iguaria se Esaú entregasse seus direitos de primogênito (lembrem-se que Jacó nasceu alguns segundos depois, atracado no calcanhar de seu irmão). Esaú, cuja fome se igualava a sua burrice, topou. "’Morro de fome, que me importa o meu direito de primogenitura?’ ‘Jura-mo, pois, agora mesmo’, tornou Jacó. Esaú jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.” (Gênesis 25:32-33). Caiu como um pato.

E assim termina nosso denso capítulo 25, com a morte de Abraão e Ismael, e o nascimento de irmãos gêmeos que se odeiam. Há novela melhor?