terça-feira, 26 de outubro de 2010

Interlúdio especial de aniversário: O poder da onisciência



Essa semana este blog profano fez um ano de existência. E, a não ser que eu seja fulminado por uma chuva de fogo e enxofre antes, espero que faça muito mais. A Bíblia Sagrada parece ser uma fonte quase infinda de material para se avacalhar.

Mas será que, além da avacalhação, a Bíblia Twist serviu como uma fonte de luz para o internauta aflito? Um repositório da sabedoria bíblica? Um vade mecum profano?

Se tem algo que se aproxima da onisciência, este é o Google Analytics. Entre vários outros recursos, ele me permite saber que palavras inseridas no Google levaram alguém a este blog de belzebu. E o melhor, ele diz se a pessoa que fez aquela busca ficou ou não no site. Ou seja, se o filho de Deus encontrou aqui a resposta que buscava. A maioria das pessoas que são guiadas pela mão do Google até aqui são fregueses que buscam por “Bíblia com Limão e Gelo”, “Bíblia Twist” e coisas do gênero. Um bom número de pessoas buscam por nomes bíblicos, como “Abraão” e “Noé”. Como eu queria ver a cara de um fiel que busca por sites bíblicos e acaba aqui (sim, eu sou sádico)!

Mas algumas buscas que acabaram no Bíblia Twist merecem destaque. Vejam exemplos do que as pessoas digitaram no Google e foram abençoadas com este mui informativo blog na lista de resultados. Eu sei que é duro de acreditar, mas os exemplos são reais. Alguns encontraram a resposta que buscavam aqui e ficaram embasbacadas com a glória que emana destes ensinamentos. Outras, Deus me perdoe, não.

Primeiro, clientes satisfeitos que perguntaram ao Google, chegaram aqui e ficaram:

- Um internauta digitou “Meu irmão é tão peludo” e aqui encontrou o fim de suas angústias! Glória! Teria ele se identificado com Jacó, que também possui um irmão deveras peludo?

- Outro perguntou “como transei nas doze tribos” e também foi iluminado por este fabuloso blog! Talvez esta pessoa tenha transado com doze tribos diferentes numa festa de arromba, mas não lembrava como, tamanho era o porre. Fico feliz que aqui ele encontrou as peças que faltavam no seu quebra-cabeça sexual!

- “Fotos de Esaú e Jacó” buscava um filho de Deus. Pois é. Fotos. Seja como for, ele gostou do blog e ficou! Regozijai!

Mas nem tudo são flores. Alguns não acharam aqui os segredos e mistérios que buscavam, e não ficaram mais que alguns segundos no site.

- Alguém digitou “meu bigode é cheio como faço pra afinar?” e acabou aqui. De fato este blog ainda não contém dicas para o asseio e ajuste de indumentária facial. Ainda.

- Outro questionou “o que é que entra dentro do cu de isaque mais nao sai” (Sic). Sem dúvida uma bela de uma charada. Alguém se arrisca?

- Alguém estava buscando por clássicos homoeróticos quando digitou “velhos do saco peludos transando”. O saco peludo de Noé não foi suficiente para saciar o ímpeto sexual deste indivíduo. Compreensível.

- Meu favorito. Alguém digitou “duenças sexualmente transmiçiveis pelas jumentas[os]” (Sic). Esta pessoa também esteve numa festa das boas, mas provavelmente foi tomado por uma justificável preocupação na manhã seguinte. Apesar de não poder ter ajudado, desejo toda sorte em sua busca por uma genitália mais saudável. E recomendo um dicionário também.

Enfim, espero aumentar o número de tópicos tratados aqui. Isso sem falar no caldeirão de sabedoria que são os comentários de cada post. Figuras ilustres como Frei Beto, Perito Dias, Irmã Alerrandra, Emílio e muitos outros transpiram conhecimento. Glória! E vamos em frente!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gênesis 30 (parte 2) - 31


Labão, o arameu, e seus irmãos cruzam o deserto em busca de Jacó.

Jacozinho há muito vivia de parasita na casa do duplo-sogro e tio Labão. E como se não bastasse ter abocanhado duas filhas e duas escravas, resolveu que ia se apossar de uma parte do rebanho de ovelhas que ele ajudou a criar. Para isso, Jacó sugeriu que ele ficasse com os animais malhados e deixasse os brancos para Labão. "Está bem, seja como dizes" (Gênesis 30:34), disse tio Labs. O que ele não sabia era que seu genro/sobrinho queria lhe sacanear, passar a perna, apunhalar pela costas. 171 mesmo. Digno de um descendente direto de Abraão. Jacó, orientado pelos anjos de Javé, selecionou repetidamente cabras fortes e saudáveis para cruzar com fêmeas malhadas, e cabras raquíticas e mal nutridas para cruzar com fêmeas brancas. Dessa forma, ele deixou Labão com um rebanho de bosta.

O que é mais irônico é que, o que Jacó fez, se chama seleção artificial. Se ele tivesse pensado sobre o assunto mais um pouquinho, ele poderia ter formulado A Teoria da Evolução! Quantos problemas isso teria evitado! Hoje não teríamos psicóticos fundamentalistas falando de criacionismo e nem psicóticos fundamentalistas disfarçados de cientistas falando de design inteligente! E Darwin poderia ter dedicado sua vida exclusivamente para colecionar besouros, que é o que ele gostava. Droga.

Mas estou divagando. A verdade é que a situação na casa de Labão se tornara insuportável. Ele estava puto com Jacó por ter fodido com o rebanho dele. Suas filhas Raquel e Lia também estavam desgostosas com o pai. “Não nos tratou ele como estrangeiras, vendendo-nos e devorando o nosso dinheiro?” (Gênesis 31:15). (estrangeiras que Jacó aceitou de bom grado, aliás). Imaginem o silêncio constrangedor na mesa do jantar. Labão, Jacó, Raquel, Lia, Bala, Zelfa e 13 filhos. O som de talheres e mastigação interrompido por um ocasional, seco e sarcasticamente polido “passe o sal”. Que clima! De saco cheio, Jacó, suas mulheres e sua prole resolveram fugir na calada da noite, escondidos de Labão, rumo a Canaã. Raquel, na hora da fuga ainda surrupiou os terafim de seu pai (sim, eu também tive que procurar no Google o que são terafim. São, pasmem, bonequinhos de divindades. Algo tão ridículo quanto imagens de santos. Mas que também serviam de vale-herança naqueles tempos. Capisce?).

Três dias depois, soube Labão da fuga de Jacó” (Gênesis 31:22). O velho era astuto como uma raposa! Só três dias! Pois tio Labs e seus irmãos montaram em suas motocicletas e saíram em disparada pelo deserto, seguindo o rastro do traiçoeiro Jacó. “Deus, porém, apareceu num sonho noturno a Labão, o arameu, e disse-lhe: ’Guarda-te de dizer algo a Jacó’”(Gênesis 31:24). Em outras palavras, “mesmo ele tendo te sacaneado, deixa pra lá porque ele é meu queridinho”. Foda, viu?

Nas montanhas de Galaad, Labão alcançou o cabra-safado do Jacó. “Que fizeste? Tu me enganaste, e conduziste minhas filhas como prisioneiras de guerra! Por que fugiste dessa forma, e me lograste em lugar de me avisar? Eu te teria despedido com manifestações de júbilo e com cânticos, ao som do tamborim e da harpa” (Gênesis 31:26-27). O imbecil do Jacó perdeu uma festa com tamborim e harpa! Mas o que Labão estava puto mesmo era com o sumiço dos seus bonequinhos. “Por que roubaste os meus deuses?" (Gênesis 31:30). E, então, pôs-se a revistar as tendas do bando de Jacó. Chegou à tenda de Raquel que, num ato de desespero (e talvez de necessidade), sentou em cima dos roliços terafim. E ainda disse "Não se irrite o meu senhor, se não posso levantar-me em sua presença, pois acho-me agora com a indisposição que costuma vir às mulheres" (Gênesis 31:35). Não é um jeito ótimo de se dizer menstruação? A-indisposição-que-costuma-vir-às-mulheres. E nem ouse levantar-se na presença de seu pai, ok?

Mas, voltando à nossa história, Labão estava puto e, agora, Jacó também estava puto por estar sendo acusado de ladrão de bonequinhos. Como eles poderiam resolver esse impasse? Simples, meu ávido leitor: Eles ergueram um monumento de pedra em homenagem àquele que adora ser homenageado: Javé! E voilá, estava resolvido. Jacó “ofereceu um sacrifício sobre a montanha e convidou seus parentes para comer” (Gênesis 31:54). Uma pilha de pedras e um churrasco. Que jeito mais idiota de se acabar uma história que já estava ruim.