quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Interlúdio: Stephen Hawking, Deus e um chimpanzé de fraldas.
O cúmplice de pedofilia e ex-membro da Juventude Hitlerista Bentinho 16 se aproveita da incapacidade de reação de Stephen Hawking
Há algumas semanas, soterrado embaixo de manchetes como “Mulher Kiwi exibe marquinha de biquíni em Ipanema”, estava uma notícia sobre o físico Stephen Hawking. Ao que tudo indica, no seu novissíssimo livro The Grand Design, Hawking afirma que não é necessária a intervenção do Bom Senhor Javé para o início do Universo. Tamanha foi a balbúrdia, que isso se tornou trending topic no twitter por algum tempo, se é que isso significa alguma coisa para você. Veja porque essa comoção foi uma tremenda de uma bobagem.
- Para ateus, a notícia foi tão quente quanto “A grama é verde”.
- A notícia é sobre a afirmação do Hawking, e não sobre o conteúdo do livro, que ainda não saiu. Isso é atribuir autoridade ao nome da pessoa, e não aos argumentos dela. E isso, meu caro, é uma grande de uma babaquice. Se amanhã o Hawking disser que é bom enfiar a cabeça na privada e dar descarga, sinto muito, mas eu não vou fazer isso. Religiosos adoram encaminhar powerpoints dizendo que o Einstein acreditava em Deus. O que é mentira, aliás. E mesmo que fosse verdade, f-f-f-foda-se! Que argumento idiota é esse? “Viu, viu, viu? Uma pessoa muito inteligente acredita na mesma coisa que eu! Por isso essa coisa é verdade e eu sou inteligente também!”. Sério, foda-se. Eu chego às minhas conclusões com o que parecem bons argumentos para mim, e não porque Einstein, Hawking ou Dawkins disse.
- O fato de isso virar notícia mostra como está tudo virado de cabeça pra baixo. O saudoso Carl Sagan disse que “afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias”. Se um grupo de pessoas (não importa o quão grande é esse grupo) afirma que um ser fantasticamente complexo e poderoso criou um universo, cabe a essas pessoas mostrarem evidência de que isso é verdade, e não ao Hawking mostrar evidência de que isso é mentira! Eu tenho evidências de que o universo não foi criado por um chimpanzé de fraldas. Alguém quer fazer uma reportagem sobre isso?
O que merece virar notícia é se um dia aparecer alguma evidência de que existe de que algo semelhante a deus, ou a qualquer outra mitologia. Mas eu estou falando de evidência de verdade, descoberta com rigor científico, e não fabricada por um charlatão. E isso, vai por mim, ainda não aconteceu.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Gênesis 30 (parte 1)
Raquel, a esposa #1 de Jacó, estava puta da vida por ser estéril, enquanto Lia, esposa #2 e irmã mais velha, já tinha parido mais do que uma coelha. De mão na cintura e batendo o pézinho, bradou para Jacó: “Dá-me filhos, senão morro!” (Gênesis 30:1). Jacó, como um verdadeiro cavalheiro, respondeu: “Acaso posso eu pôr-me no lugar de Deus que te recusou a fecundidade?” (Gênesis 30:2). Jacó sabia que O Bom Senhor tinha murchado os ovários dela. Na Bíblia, mulher boa cala a boca e pare filhos, e #1 não estava fazendo nada disso. Mas ela mesma tinha a solução. “Eis minha serva Bala: toma-a. Que ela dê à luz sobre os meus joelhos e assim, por ela, terei também filhos.” (Gênesis 30:3). A escrava Bala, a doce, agora seria promovida a #3 para gerar rebentos. Soa familiar ? Eu só não consigo visualizar como #3 dará à luz sobre os joelhos de #1 e como isso vai fazer com que o filho seja de #1. Pra mim, só vai dificultar o serviço do obstetra. Mas enfim, foi com esse esquema pornô-escravagista que nasceram Dã (dizem que ele aprendeu a falar o próprio nome com apenas 2 semanas de vida!) e Neftali.
Enquanto isso, observando tudo de cima, O Bom Senhor estava entediado. E, da mesma forma que uma criança mimada cutuca seus hamsters, Javé desativou os ovários de Lia, a #2. Ela já sabia o protocolo e, sem pestanejar, entregou sua escrava Zelfa para Jacó bimbar. Essa é a #4, caso você também esteja contando. E assim nasceram Gad e Aser. Javé bocejou de novo e shazam!, reativou a oogênese de #2, que pariu Issacar, Dina e, a cereja no bolo de nomes horríveis, Zabulon.
Acha que acabou? “Lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e tornou-a fecunda.” (Gênesis 30:17). Mas como assim “lembrou-se”? O fidiputa não é onisciente? E todo o sofrimento de #1 foi porque Javé tinha esquecido dela? Ele perdeu a ficha dela na bagunça da escrivaninha? Sério, pelas barbas de Abraão, viu! Enfim, finalmente fecunda, #1 embuchou e pariu. E como não tinha tanto apreço por nomes estrambólicos, chamou seu rebento de José.
Trocando em miúdos, foram quatro parideiras, um exército de filhos e o Bom Senhor embaralhando as cartas ligando e desligando ovários. Como se já não estivesse claro o suficiente, essa parábola reforça o papel da mulher na Santíssima Bíblia Sagrada: uma parideira cujo valor é medido por quantos filhos ela consegue gerar. Some isso as já familiares poligamia e escravidão e você tem um livro que não só é confuso e repetitivo, mas que insiste em dar os mesmos maus exemplos. Eu não sei você, mas eu estou com dor de cabeça de acompanhar essa história. Por isso dividirei esse capítulo em dois, visto que a segunda parte tem pouca conexão com as peripécias poligâmicas de Jacózinho. Glória!
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Gênesis 29
"Europeus branquinhos que não tem nada a ver com nossa fábula do Oriente Médio" - William Dyce, óleo sobre tela.
Erguei as mãos e dai glória a Deus! Se você chegou agora à Bíblia Cítrica, não tema infiel! Tamanha é a minha misericórdia, que recapitularei o que você precisa saber para pegar o camelo andando. Jacó é o herói do momento. Descendente de Abraão e figurão do povo escolhido pelo Senhor, ele saiu numa jornada pelo deserto, rumo à casa de seu tio Labão. Lá, ele pretende escolher uma prima para desposar, no intuito de não se misturar e afinar o sangue com a gentalha que não foi escolhida por Javé. Gentalha, gentalha, gentalha. Tá comigo? Então vamos em frente.
Nos arredores de Harã, cidade onde vivia o tio Labs, havia um poço para ovelhas beberem água. E, tampando esse poço, uma puta de uma pedra pesada pra caralho. Quantos pastores já não rasgaram um pum ao tentar erguê-la sob o sol escaldante de meu Deus! "Conheceis porventura Labão, filho de Nacor?" (Gênesis 29:5), disse o forasteiro Jacó, tentando puxar um papo com os locais. “Sim”, respondeu um pastor sorrindo com seus quatro valiosos dentes, “e eis justamente sua filha Raquel que vem com o rebanho.” (Gênesis 29:6). Putaqueopariu! Que sorte! Jacó viu a oportunidade perfeita para impressionar sua prima: Erguer a tampa do poço com seus braços fortes, viris e abençoados por Javé! Entretanto, por algum motivo, a coisa descamba. Veja. “Logo que Jacó viu Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, aproximou-se, rolou a pedra de cima da boca do poço e deu de beber às ovelhas de Labão”. Boa Jacózinho! Tá indo bem! “Depois beijou Raquel e pôs-se a chorar.” (Gênesis 29:10-11). Má-como?!? Que porra é essa de lascar um beijo assim sem pedir licença? E depois cai no choro? Comestes cocô, Jacó? Talvez, mas funcionou.
Depois desse papelão, Raquel levou Jacó para sua casa eles contaram tudo para o tio Labão. "Sim, tu és de meus ossos e de minha carne.” (Genesis 29:14), disse o velho numa brilhante constatação. De olho na prata da casa, Jacózinho foi ficando de hóspede e ajudando na labuta diária. Passado um mês, tio Labs, temendo ser pego por leis trabalhistas, disse: "Acaso, porque és meu parente, servir-me-ás (percebam o certeiro uso da mesóclise) de graça? Dize-me que salário queres." (Gênesis 29:15). Jacó não queria salário, vale refeição nem o dinheiro do busão. Jacó queria Raquel! “Eu te servirei sete anos por Raquel tua filha mais nova." (Gênesis 29:18). Labão refletiu por um minuto, coçando sua enorme laba, e topou o negócio. “Assim, Jacó serviu por Raquel sete anos, que lhe pareceram dias, tão grande era o amor que lhe tinha.” (Genesis 29:20). Lindo, né? Mas o romantismo acaba por aí. A pornochanchada bíblica que tanto gostamos começa agora.
Após sete anos na punheta, finalmente chegou o grande dia em que Jacó iria se casar com Raquel, e titio Labão convidou a cidade inteira para um grande banquete, com três ambientes (eletrônica, pop-rock e flashback), sushi bar e manobrista. Mas Labão tinha um plano secreto para pôr em prática: Acabado o bacubufo do caterefofo, ele iria conduzir sua filha Raquel à suíte de Jacó mas, ao invés disso, conduziu a irmã mais velha de Raquel, Lia! E, talvez por uma soma do quarto escuro com o porre da festa, Jacó traçou Lia! Carái véi! Pela manhã, Jacó acordou de ressaca e percebeu que havia acertado a bola na caçapa errada. "Que me fizeste? Não foi por Raquel que te servi? Por que me enganaste?", bradou para Labão, que respondeu: “Aqui não é costume casar a mais nova antes da mais velha. Acaba a semana com esta, e depois te darei também sua irmã, na condição que me sirvas ainda sete anos." (Gênesis 29:25-27). Jacó topou na hora. E de quebra, Labão ainda deu uma escrava chamada Zelfa como brinde por ele ter traçado Lia. Como aquelas promoções que, comprando um xampú, vem um condicionador de graça. E uma semana depois, Jacó finalmente desposou sua amada Raquel e, como a promoção ainda estava valendo, levou a escrava Bala de brinde (dizem que ela era um doce!).
E adivinha quem entra em cena para cagar em cima do que já estava fedendo? Ele! Javé! Não sei você, mas eu estava com saudades dos caprichos do Senhor. Ele viu que Jacó gostava mesmo de Raquel e só usava Lia como uma boneca inflável, e não gostou nada disso. Então ele estendeu sua poderosa mão em direção a Lia e shazam! “tornou-a fecunda enquanto Raquel permanecia estéril” (Gênesis 29:31). O Senhor, em sua glória e onipotência, gosta de intervir na vida mundana ligando e desligando os ovários das mulheres. É difícil de levar a sério um personagem desses. Jacó, apesar de amar mesmo Raquel, não acanhou-se de passar repetidamente a vara em Lia, que pariu os rebentos Rubem, Simeão, Levi (o inventor da calça jeans) e Judá.
O capítulo acaba aqui, mas o show de horrores na família poligâmica de Jacó não. Você não perde por esperar!
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