domingo, 12 de junho de 2011
Gênesis 36-37
"Desce, filhadaputa!"
A Glória! A Glória, pois é com a graça de Javé que nossa história continua. Não são poucos os capítulos das Sagradas Escrituras Sagradas que são uma longa e entediante lista de descendentes de algum personagem notável. No trigésimo sexto capítulo de Gênesis, conhecemos as gerações de Esaú, irmão de Jacó, bruto, peludo, e que cozinha um guisado que só ele. Alguns nomes já são uma piada pronta, como Elifaz ou Amaleque. Outros são bons para quando você não sabe como batizar seu cágado de estimação, como Zibeão ou Husão. Mas a verdade é que esses capítulos servem para drenar a vontade de alguém ler a Bíblia de cabo a rabo. Melhor deixar pro pastor ou padre escolher e interpretar as partes importantes pra mim, não é? Nananina-não! Aqui não, Zibeão! Nós vamos até o fim!
Pois no capítulo seguinte conhecemos um importante personagem de nossa saga: José, filho favorito de Jacozito-Israel. “E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice (leia-se ‘filho da catuaba selvagem com amendoim); e fez-lhe uma túnica de várias cores” (Gênesis 37:3). Gente, que fashion! Israelito era um velho antenado nas últimas tendências, e sabia que túnica multi-color voltou COM TUDO nessa coleção Outono-Inverno! Que melhor presente para Zezinho? A-rra-sou! Mas esse xodó de Jacó com José servia também para irritar seus ciumentos irmãos. Entre eles, diziam “Lá vem o cocozinho do José e sua túnica multi-colorida... e eu aqui com essa túnica cor de brim cru... tão coleção-passada!”. E como se não bastasse, José contou-lhes dois sonhos nada modestos que teve: “estávamos ligando feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e se pôs de pé, enquanto os vossos o cercavam e se prostravam diante dele" (Gênesis 37:7). O feixe de José subindo rijo e teso e os feixes de seus irmãos descendo. Fálico, né? E no outro sonho “o sol, a lua e onze estrelas prostravam-se diante de mim” (Gênesis 37:9). Mas é muita cara de pau! Fritas acompanha?
Pois num tórrido e escaldante dia no Oriente-Médio, os irmãos mal-amados de José estavam nas terras de Siquém fazendo o que todo bom nômade do deserto faz de melhor: arrebanhando cabras, bodes, carneiros e ovelhas. Já no meio do expediente, José resolve dar o ar da graça. “Eis o sonhador que chega. Vamos, matemo-lo e atiremo-lo numa cisterna; diremos depois que uma fera o devorou; e então veremos de que lhe aproveitaram os seus sonhos” (Gênesis 37:19-20), disseram os irmãos de Zé. É isso mesmo! Resolveram dar um fim no folgado, desovar o presunto num poço e ainda por a culpa numa besta errante! E eu desafio qualquer um a falar “matemo-lo”com a boca cheia de pão! Mas um dos irmãos, Rubem, era da turma do deixa disso. “Não lhe tiremos a vida, não derrameis sangue. Jogai-o naquela cisterna, no deserto, mas não levanteis vossa mão contra ele” (Gênesis 37: 21-22). E assim o fizeram. Deram-lhe um cascudo, “despojaram de sua túnica, daquela bela túnica de várias cores que trazia, e jogaram-no numa cisterna velha, que não tinha água” (Gênesis 37:23-24), só de samba-canção.
Mas o infortúnio de José estava só começando. Após terem arremessado o inconveniente cisterna abaixo, os irmãos sentaram para fazer uma farofada. Tiraram o franguinho frito do isopor, abriram uma cervejinha, Rubem bombou o pagodinho no seu celular que toca mp3 e skitum, skitum, skitum- “peraí Rúbi!”, interrompeu um dos irmãos, “Ô Rúbi! RÚBI, caráio! Desliga essa porra aí!”. Rubens cortou o som e “eis que, levantando os olhos, viram surgir no horizonte uma caravana de ismaelitas vinda de Galaad” (Gênesis 37:25). Ismaelitas, tradicionais comerciantes madianitas que varavam o deserto em seus camelos, oferecendo produtos a preços imbatíveis. Pois um dos irmãos, Judá, viu ali a chance de tirar um trocado: Por que não vender o enjoadinho do José como escravo para os Ismaelitas? “E, quando passaram os negociantes madianitas, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos Ismaelitas, que o levaram para o Egito” (Gênesis 37:28). Ca-tchin!
Os irmãos mataram um cabrito e usaram o sangue para empapar a bela túnica de José. E ainda deram um regaço, ralando no chão, cuspindo em cima e esfregando no racho da bunda para arrebentar o tecido. Que bando de arruaceiros! Quando levaram o trapo para o velho Jacó, ele despirocou de vez. “É a túnica de meu filho! Uma fera o devorou! José foi estraçalhado!" (Gênesis 37:33). Pobre Jacó! Estava certo de que seu favorito já tinha virado bosta uma hora dessas, “e, rasgando as vestes, cobriu-se de um saco, e chorou o seu filho por muito tempo” (Gênesis 37:34). Que figura mais ridícula, chorando enrolado num saco velho. Mas a verdade é que José não tinha virado bosta coisa alguma. “Os madianitas venderam-no a Putifar, no Egito, eunuco do faraó e chefe da guarda” (Gênesis 37:36). Sorte de José que esse tal de Putifar era eunuco porque, se bem me lembro, ele estava de samba-canção.
O que será de José, agora vendido como um escravo para o Faraó? A resposta você só encontra aqui, n’A Bíblia com Limão e Gelo! (Ou na bíblia de verdade também, claro.)
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